Campanha marca Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças
A exploração sexual
de crianças e adolescentes em grandes empreendimentos é uma das maiores
preocupações de defensores de direitos humanos. De acordo com a
socióloga e consultora da Agência Nacional dos Direitos da Infância
(Andi), Graça Gadelha, ainda não há ações concretas para evitar essas
violações, mas existem algumas organizações da sociedade civil que estão
se empenhando para minimizar os impactos das grandes obras na vida de
crianças e adolescentes.
“Um dos maiores desafios é o impacto das
grandes obras na questão da exploração sexual de crianças e
adolescentes. Temos um conjunto de obras, que inclui siderúrgicas,
hidrelétricas, as obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento],
além da questão dos megaeventos, que causam impacto direto na
vulnerabilidade de crianças e adolescentes”, disse Graça.
As
violações em grandes obras são o tema da campanha que marca hoje (18) o
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescente. Segundo Graça, a situação no Norte e no Nordeste é mais
complicada. “Essas regiões já têm um histórico de vulnerabilidade e de
omissão do Poder Público em relação às ações voltadas para a afirmação
de crianças e adolescentes”.
Um relatório sobre violações de
direitos humanos nas obras das usinas hidrelétricas de Santo Antonio e
Jirau (RO), publicado pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos,
Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca Brasil) no ano
passado, mostrou que o número de homicídios dolosos cresceu 44% em Porto
Velho entre 2008 e 2010.
Além disso, a quantidade de crianças e
adolescentes que foram vítimas de abuso ou exploração sexual aumentou
18%. O relatório também mostra que o número de estupros cresceu 208% em
Porto Velho entre 2007 e 2010. Segundo o documento, a explosão
populacional foi um dos principais fatores que provocaram o aumento dos
índices de violência.
Um documento contra a exploração sexual de
menores em grandes empreendimentos será entregue nesta sexta-feira a
representantes da Frente Parlamentar Mista da Criança e do Adolescente.
De acordo com a coordenadora do Comitê Nacional de Enfrentamento da
Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Karina Figueiredo, o
objetivo é mostrar quais são os desafios que envolvem o tema. “Queremos
mostrar quais são as prioridades que temos de pautar para que a gente
consiga mitigar um pouco os prejuízos que essas obras têm causado na
vida de crianças e adolescentes”, disse.
Para ela, é necessário
mostrar à sociedade, de maneira mais clara, a diferença entre abuso e
exploração sexual. “O abuso sexual, embora seja mais denunciado, quando
é identificado, aparece [para a sociedade]. A exploração sexual não,
talvez porque ainda seja algo muito natural para a sociedade. A culpa
fica muito em cima da menina, as pessoas dizem que ela é explorada
porque é sem-vergonha, porque a mãe não cuida”.
O Dia Nacional de
Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi
instituído por lei federal, em alusão a 18 de maio de 1973, quando a
menina Araceli, de apenas 8 anos, foi raptada, drogada, estuprada, morta
e carbonizada por jovens da classe média alta de Vitória (ES). Apesar
de sua natureza hedionda, o crime prescreveu e os assassinos ficaram
impunes.
fonte:
Jornal do Brasil - http://www.jb.com.br/pais/noticias/2012/05/18/campanha-marca-dia-nacional-de-combate-a-exploracao-sexual-de-criancas/
COORDENADOR
Giovanni Oliveira Pereira